Link em Construção








Resumo:

A questão central deste livro está no desafio da construção de um conhecimento crítico capaz de articular as múltiplas dimensões de lutas dos diversos movimentos sociais, democráticos e populares atuais, em escala local, nacional e global. A diversidade e a multidimensionalidade das formas contemporâneas de opressão, degradação e conflito social requerem que a produção de conhecimento engajado possibilite fazer interagir as epistemologias e paradigmas particulares de cada campo de saber e de luta. Nessa direção, o conceito de interdisciplinaridade é ampliado para abarcar os conceitos de “inter-“ e “trans-”, não só entre diferentes disciplinas, mas também entre paradigmas, teorias, profissões e campos de saber e práticas sociais, inclusive a cultura popular e o senso comum, sem cair nas conhecidas estratégias de julgar e reduzir as diversas perspectivas diferentes por meio de uma metateoria ou narrativa pretensamente onipotente.

 Além disso, o trabalho busca evitar um outro risco da empreitada: a celebração atual das diferenças pode radicalizar ao extremo as estratégias de valorização do particular e assim inviabilizar qualquer tentativa de articulação e de conhecimento racional crítico voltado para o combate das macro-estruturas de dominação, em nome da fragmentação social, da perda dos referenciais da realidade no discurso humano e social, e de se evitar a normatização dos indivíduos e grupos sociais.

 Assim, o livro parte deste grande paradoxo: como construir novas formas de teoria crítica capazes de, ao mesmo tempo, superar as estratégias epistemológicas modernistas convencionais, insensíveis ao pluralismo e à diversidade sociocultural e paradigmática, e simultaneamente evitar a fragmentação micropolítica pós-moderna?












Resumo:

É com grande prazer que trazemos para o leitor brasileiro esta publicação contando a experiência do movimento de usuários dos Estados Unidos, através do texto de Richard Weingarten, liderança deste movimento em Connecticut, e amigo e companheiro nosso já há alguns anos.

 Há algum tempo, mantemos contatos e iniciamos a divulgação de pequenos textos e entrevistas acerca do movimento de usuários em saúde mental na Europa e nos países de língua inglesa. Ficamos impressionados com a força deste movimento, com a ampla difusão de seus grupos de ajuda e suporte mútuo, com a autonomia de seus projetos e serviços dirigidos pelos próprios usuários, com a firmeza das iniciativas de defesa dos direitos dos usuários e familiares, pelo compromisso de seu envolvimento nas decisões no sistema de saúde mental, e pelo calor de suas lutas e reivindicações por mudanças nas políticas, leis e nas atitudes estigmatizantes da sociedade para com o usuário em saúde mental. Entretanto, a barreira da língua sempre fez que este contato ficasse difícil para a maioria dos brasileiros e principalmente para os maiores interessados neste intercâmbio de experiências: os próprios usuários e familiares.

 Quando conhecemos Richard Weingarten em 1997, sentimos que uma grande oportunidade se abriria: primeiro, pela sua história pessoal, como você poderá conferir no esboço bibliográfico apresentado a seguir, por constituir uma liderança consolidada no movimento dos Estados Unidos, e fundamentalmente pela sua passagem de vida em nosso país, que o marcou fundo no coração, gerando uma alma meio-brasileira, amante de nosso jeitinho de ser, e é claro, falante de bom português. Assim, abria-se a possibilidade da troca de experiências não só dos fazeres concretos do movimento, mas principalmente de faze-lo também na língua comum do coração e da emoção, o que é raro acontecer nestes intercâmbios transnacionais. Mas, além de tudo, se ele foi fisgado por nós, ele nos fisgou também por sua amizade, sua simplicidade como gente, sua profunda atenção e cuidado com cada pessoa, principalmente com os companheiros usuários, e sua profunda disposição interna de não parar de aprender novas dimensões da vida, não só para lidar com seus próprios desafios subjetivos e existenciais, mas principalmente para trocar com seus amigos e colegas dos grupos de ajuda e suporte mútuo.

 Sinceramente, não sabemos quais poderão ser os resultados desta divulgação da experiência do movimento de usuários norte-americanos no Brasil. Sabemos sim de algumas das diferenças culturais, políticas, econômicas e sociais profundas entre os dois países. Por exemplo, estamos conscientes de que em nossa cultura predominantemente hierárquica, os laços familiares de dependência das autoridades e dos profissionais tendem a ser mais fortes. Temos uma cultura profissional em saúde mental que acentua a perspectiva dominante do profissional na relação com o cliente, marcada pela idéia de que possíveis bons resultados são frutos do tratamento provido pelo profissional. A perspectiva anglo-saxã do empowerment, ou fortalecimento do poder dos usuários, tem poucas raízes na cultura e no sistema econômico, social e político hegemonicamente autoritário e excludente de nosso país. Além disso, nossas associações no campo da saúde mental são em sua maioria absoluta mistas, congregando trabalhadores, familiares e usuários, de forma conjunta e interdependente.

 Por outro lado, podemos sim dizer com segurança que com esta cartilha não visamos ingenuamente tentar copiar estratégias do movimento de outros países, como no caso o dos Estados Unidos. Procuramos apenas inter-conhecer, trocar experiências, saber do que é possível a aventura humana e de luta em outros contextos, para poder recriar e reinventar nossas próprias utopias e ideais a partir das diferenças e de nossa própria cultura e vida.


Rio de Janeiro, setembro de 2001


 Eduardo Mourão Vasconcelos
 Coordenador do Projeto Transversões

 Domingos Sávio do Nascimento Alves
 Presidente do Instituto Franco Basaglia








Resumo:

Este livro resulta do convênio 443/03 celebrado em dezembro de 2003 entre a Universidade Federal do Piauí e o Ministério da Saúde para a realização do Curso de Especialização em Saúde Mental, iniciado em 2004, tendo por objetivo geral traçar um panorama da assistência psiquiátrica no Piauí. Nesse sentido, orientados pelos novos processos de trabalho implementados na área da saúde, buscou-se retirar os trabalhadores da área de saúde mental da condição de meros operadores/ executores e agentes da linha da linha de frente da assistência psiquiátrica, colocando-os como protagonistas, sujeitos diagnosticadores da realidade dos serviços que prestam, do perfil epidemiológico da população com as quais trabalham; assim como transformá-los em propositores de políticas públicas.

 A partir de um roteiro elaborado pela coordenadora do curso, a turma foi divida em grupos, considerando-se o local de trabalho de cada agente. Com prazo de entrega de um artigo definido para o último dia do mês de julho, os grupos foram orientados teórica e metodologicamente.

 Considerando ser esta a primeira turma de Especialização em Saúde Mental do Piauí e o fato do governo do Estado não ter uma política de saúde mental definida, ponderou-se acerca da riqueza de se incluir no curso, a leitura dos vários atores que promovem a assistência psiquiátrica no Piauí. Nesse sentido, foi enviada uma correspondência para os dirigentes das seguintes instituições: Sanatório Meduna; Hospital Aerolino de Abreu; Fundação Municipal de Saúde de Teresina; Secretaria de Saúde de Parnaíba; Secretaria de Saúde de Picos; Secretaria de Saúde de Floriano; Secretaria de Saúde de Demerval Lobão; Gerencia de Saúde Mental da SESAPI; Coordenadora do Programa Saúde do Adolescente da SESAPI e Conselho Estadual de Entorpecentes. Apenas o dirigente da primeira organização enviou sua contribuição.

 No curso estavam representados 05 municípios (Demerval, Lobão, Floriano, Parnaíba, Picos e Teresina) e das 10 organizações (Programa de Saúde da Família de Demerval Lobão; Hospital Regional Tibério Nunes e Secretaria Municipal de Floriano; Clínica de Repouso de Parnaíba e Hospital Dia Walterdes Sampaio; Hospital Dia de Picos e Fundação Municipal de Saúde de Teresina; Hospital Aerolino de Abreu; Sanatório Meduna; Universidade Federal do Piauí). 18 serviços foram contemplados com pessoal em processo de qualificação para a reforma psiquiátrica: Programa de Saúde da Família de Demerval Lobão; Hospital Regional Tibério Nunes e Secretaria Municipal de Floriano; Clínica de Repouso de Parnaíba e Hospital Dia Walterdes Sampaio; da Fundação Municipal de Saúde de Teresina: Hospital Dia de Picos e Hospital do Buenos Aires; Unidade de Saúde do Matadouro; Unidade de Saúde do Monte Castelo; Unidade de Saúde do Satélite; Centro de Atenção Psicossocial na área de álcool e outras drogas Dr. Clidenor de Freitas Santos; do Hospital Aerolino de Abreu: Ambulatório Integrado; Instituto Infanto Juvenil Martinelli Cavalca; Hospital Dia Dr. Wilson Freitas; Pavilhões (masculino e feminino) e Urgência/ emergência psiquiátrica; Sanatório Meduna e Universidade Federal do Piauí (Programa de Alcoolismo).

 A diversificação da natureza dos serviços, de categorias profissionais (assistentes sociais; psicólogos; enfermeiros; médicos; educadores físicos; terapeutas ocupacionais; bióloga e fisioterapeuta); de modalidades assistenciais e atores permitiu a produção de 15 artigos, bem diversificados, muito embora o tema norteador fosse a análise da situação da saúde mental no Piauí. 


Teresina, dezembro de 2004

 Lucia Cristina dos Santos Rosa
 (Organizadora)







Resumo:

Este livro faz parte de uma coletânea de três volumes, que visa sistematizar o “campo das abordagens psicossociais”, uma área aplicada de conhecimento marcada pela interseção de fenômenos psicológicos, sócio-históricos, biológicos e ambientais. O campo é nominado assim mesmo, no plural, por ser pluralista, multidimensional e interdisciplinar. Além disto é visto aqui como marcado por um forte engajamento ético e político com as lutas sociais populares e seus projetos históricos, e com a construção de políticas sociais universais moldadas pelos princípios da integralidade, intersetorialidade e universalidade, como direito do cidadão e responsabilidade do Estado.

 O “carro-chefe” da coletânea está no volume I, de autoria única de Eduardo Mourão Vasconcelos, que aborda a história das principais práticas, movimentos e abordagens teórico-operativas do campo psicossocial, bem como o processo de construção do conhecimento e algumas características do processo de trabalho na área. O volume II, com vários autores, discute o processo de reforma psiquiátrica, mas pela ótica da cultura e das lutas dos trabalhadores, dos usuários de serviços e seus familiares. Por sua vez, o volume III, também de autoria coletiva, aborda o campo psicossocial no serviço social brasileiro, e particularmente no serviço social em saúde mental.

 Toda a coletânea foi escrita com forte preocupação didática, no sentido de tornar os textos amplamente acessíveis para todos os profissionais, trabalhadores, estudantes e lideranças populares que atuam nas mais diversas políticas sociais, ONGs e movimentos sociais. Entretanto, os volumes II e III têm um foco mais centrado no campo da saúde mental, da reforma psiquiátrica e do serviço social, e certamente constituirá referência necessária para médicos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, e demais profissões afins.









Resumo:

Este caderno apresenta a metodologia da atuação dos NAFs/ CRAS no Estado do Rio de Janeiro. É resultado de sete anos de trabalho com os municípios que tiveram convênio com o Programa de Atendimento Integral à Família/ PAIF, onde foram alcançadas cerca de 27 mil famílias/ mês. O seu conteúdo procura expressar todo o esforço para imprimir no Estado uma prática de gestão com centralidade na família, respeitando a autonomia municipal no processo de descentralização, fortalecendo os mecanismos de controle social, cumprindo, assim, os princípios, normas e diretrizes preconizadas na Lei Orgânica da Assistência Social/ LOAS e na Política Nacional de Assistência Social/ PNAS.

 As análises e reflexões aqui apresentadas, resultados das experiências acumuladas ao longo desses anos pelos municípios, reúnem as diferentes práticas desenvolvidas com as famílias e a publicação deste caderno permite o acesso aos registros das ações, contribuindo para a consolidação do Sistema Único da Assistência Social/ SUAS no Estado do Rio de Janeiro.

 Silvia Barreto
 Secretária de Estado da Família e da Assistência Social







Resumo:

Este livro é o primeiro de uma coletânea de três volumes, que visa sistematizar o “campo das abordagens psicossociais”, uma área aplicada e interdisciplinar de conhecimento marcada pela interseção de fenômenos psicológicos, sócio-históricos, biológicos e ambientais. O campo é marcado por forte engajamento ético e político com as lutas sociais populares e seus projetos históricos, e com a construção de políticas sociais universais moldadas pelos princípios da integralidade, intersetorialidade e universalidade, como direito do cidadão e responsabilidade do Estado. A coletânea é didática e amplamente acessível para todos os profissionais, trabalhadores, estudantes e lideranças populares que atuam nas mais diversas políticas sociais, ONGs e movimentos sociais. E certamente será referência necessária para médicos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, educadores e profissões afins.









Resumo:

O presente trabalho é produto das muitas imersões para reflexão e avaliação do Programa de Atendimento Integral à Família – PAIF.

 A trajetória do PAIF no Estado do Rio de Janeiro pode ser dividida, até aqui, em duas etapas bem diferenciadas. No primeiro momento – na vigência dos dois primeiros convênios – prevaleceu a preocupação com a implantação do programa e, nesse contexto, a operacionalização foi o foco central da coordenação e equipes técnicas.

 O ano de 2003 marcou o início da transição, com o surgimento dos primeiros questionamentos sobre a metodologia do programa. Nesta práxis, que incorporou a reflexão à ação, o PAIF foi dando sinais de amadurecimento com a elaboração do segundo Manual de Orientações, em 2004, contendo contribuições teóricas de suas equipes. Estava implantada a segunda etapa do programa que identificamos como etapa conceitual.

 O texto que ora apresentamos é produto da consultoria que nos tem sido prestada por representantes da área acadêmica da Universidade Federal do Rio de Janeiro e aponta para o terceiro momento, neste ano em que o PAIF/RJ completou cinco anos. Trata-se de uma ênfase conceitual-teórico-metodológica.
 Os professores Rosana Morgado e Eduardo Mourão Vasconcelos, da Escola de Serviço Social da UFRJ, após participarem como docentes de nosso Programa de Qualificação das Ações Sociais junto a Gestores e Técnicos e, tomando como base o segundo Manual de Orientações, produziram esse texto – Subsídios analíticos e metodológicos na lógica do Sistema Único de Assistência Social – SUAS e do Programa de Atendimento Integral à Família – PAIF – que vem corroborar nosso investimento em metodologia, acrescentando o indispensável saber acadêmico, o qual sempre buscamos e em que acreditamos, como complemento necessário à prática da Assistência Social como política pública.




Resumo:

Empowerment constitui um termo de difícil tradução para nós. Alguns traduzem como empoderamento, outros como aumento da autonomia. Neste livro, usa-se o termo original inglês, para manter seu caráter multifacetário, propondo o sentido de “aumento do poder e autonomia pessoal e coletiva de indivíduos e grupos sociais nas relações interpessoais e institucionais, principalmente daqueles submetidos a relações de opressão, discriminação e dominação social”.

 Este livro busca dar uma visão de complexidade crescente sobre o tema. Parte de exemplos e vivências cotidianas simples, como as de quem convive com um transtorno mental, chegando até uma razoável sistematização das estratégias práticas e profissionais de implementação do empowerment nas diversas áreas de trabalho social e de movimentos sociais autônomos. Além disso, refaz de forma crítica a sua história, teorias e debates atuais, mostrando seus variados matizes.




Resumo:

Com o lançamento desta série entitulada “TRANSVERSÕES” – Saúde Mental, Desinstitucionalização e Abordagens Psicossociais, o Programa de Pós-Graduação da Escola de Serviço Social da UFRJ inicia os seus Periódicos de Pesquisa. Trata-se de mais um passo no esforço de produção e divulgação científica em nosso programa, que se iniciou com o lançamento em 1997 da revista semestral “Praia Vermelha – Estudos de Política e Teoria Social”, com um perfil de sistematização teórica de maior envergadura, e que agora inaugura um tipo de publicação mais voltado para a produção específica dos diversos núcleos de pesquisa existentes em nossa Escola.

 Entretanto, é necessário aqui um primeiro alerta: engana-se quem pensar que estes periódicos tem relevância apenas para o campo do serviço social. Exatamente por se tratar da sistematização teórico-prática em campos específicos de atuação e a partir de uma perspectiva enfaticamente interdisciplinar, os “Periódicos de Pesquisa” constituem material de interesse para todos os profissionais engajados naquele campo de atuação e áreas afins. Como exemplo, temos certeza de que a presente série “TRANSVERSÕES” – Saúde Mental, Desinstitucionalização e Abordagens Psicossociais, que inauguramos agora, constituirá material de referência necessária para todos os profissionais e atores sociais que atuam no campo da saúde mental, bem como de outras áreas que também se utilizam de abordagens psicossociais.







"O Nordeste na Reforma Psiquiátrica"



Resumo:

Nos últimos anos, o Processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil se tornou uma realidade inegável. Desde o final da década de 70, com a criação do Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental (atualmente denominado de Movimento Nacional de Luta Antimanicomial), ator social pioneiro e estratégico neste processo, vêm sendo elaboradas críticas ao modelo psiquiátrico tradicional, ou seja, ao modelo centrado no hospital psiquiátrico ou manicômio, assim como vem sendo construídas várias propostas alternativas ao mesmo.

 Mas, é somente com o advento do SUS que tais propostas puderam passar das idéias às práticas. Tanto com a extinção de vários hospitais psiquiátricos (a grande maioria expunha situações de violência explícita), ou com a criação de centenas de serviços de atenção psicossocial e outros dispositivos assistenciais e culturais, quanto com a consolidação de um dos mais fortes e atuantes movimentos sociais, o processo se instalou definitivamente na agenda política nacional.

 Mas, na verdade, não existe o Processo de Reforma Psiquiátrica brasileira, e sim processos, pois os mesmos são ocorrências locais, com atores sociais e conjunturas específicas, singulares e diferenciadas. Daí a grande contribuição do presente livro, que nos permite conhecer com profundidade a situação dos processos de cada um dos estados desta importante região que é o nordeste brasileiro.

 Com O Nordeste na Reforma Psiquiátrica a Profa. Lúcia Cristina dos Santos Rosa se consolida definitivamente como uma das mais importantes autoras no campo da saúde mental. Especialista dedicada ao tema da família – ator social comumente tratado sem a devida importância no âmbito da reforma psiquiátrica – a Lúcia Rosa tem sido uma referência tanto política quanto teórica no processo de construção das experiências de reformas psiquiátricas, principalmente nos estados do nordeste. Seu livro anterior Transtorno Mental e o Cuidado na Família é uma obra adotada nos mais variados cursos de graduação e pós-graduação que compõem o campo da saúde mental (psicologia, medicina, serviço social, enfermagem, terapia ocupacional, dentre outras). Com ela aprendemos definitivamente que familiar não é visitante, não pode ser reduzida a mera visita do paciente enfermo. Família é parte do sofrimento, é ao mesmo tempo cuidadora e, portanto, merecedora de cuidado.

 Em O Nordeste na Reforma Psiquiátrica encontramos uma extremamente clara e bem organizada sistematização e um aprofundamento quanto ao corpo teórico do processo de reforma psiquiátrica – que é regularmente reduzido e banalizado como simples iniciativas de humanização das instituições psiquiátricas. A autora nos demonstra que Reforma Psiquiátrica é um processo complexo, a um só tempo epistemológico, político e social.

 Por outro lado, o livro nos faz acessar o resultado de uma pesquisa muito bem elaborada e desenvolvida em todos os estados nordestinos, permitindo ainda que tenhamos uma visão bastante concreta dos estágios em que cada experiência se encontra, permitindo ainda que possamos compreender suas dificuldades, obstáculos, impasses, e assim estabelecer propostas de superação.

 Todos os profissionais, gestores, estudantes e interessados no tema da saúde mental e da reforma psiquiátrica encontrarão neste livro uma fonte riquíssima de dados e informações e de possibilidades de reflexão.

 Espero que lhes seja útil como tem sido para mim.


 Paulo Amarante
 Professor Pesquisador Titular
 Escola Nacional de Saúde Pública – Fiocruz




"Saúde Mental e Serviço Social:
 o desafio da subjetividade e da interdisciplinaridade
Resumo:

Este livro, por sua perspectiva interdisciplinar, discute temas que certamente interessam a todos os profissionais de saúde mental, principalmente aqueles comprometidos com a reforma psiquiátrica em curso no país e no mundo. Contudo, sua contribuição é maior para o Serviço Social.

 O Serviço Social brasileiro, a partir do processo de reconceituação, criticou com razão as abordagens psicologizantes e ajustadoras anteriores, mas ao fazê-lo assumiu as dificuldades das formulações mais convencionais de esquerda e recalcou fortemente em sua cultura profissional a temática da subjetividade do inconsciente e da sexualidade, e seus rebatimentos individuais e coletivos. Com isso, vem negligenciando uma longa produção, ação e debate sobre o assunto por parte das várias correntes da própria esquerda que não se furtaram à complexidade e às dificuldades do tema.

 Assim, estamos diante não só de uma ausência de investimento em uma área específica, o campo da saúde mental, mas de uma problemática muito mais ampla que atravessa aspectos fundamentais da história e construção da profissão; do próprio núcleo teórico principal do Serviço Social reconceituado; da identidade pessoal, de gênero e social dos profissionais; das implicações da intervenção social em política pública e da questão da instrumentalidade, temas de interesse dos vários campos de atuação do Serviço Social.









"Periódicos de Pesquisa” do Programa de Pós-Graduação 
 da Escola de Serviço Social da UFRJ" 

Resumo:

Com o lançamento desta série entitulada “TRANSVERSÕES” – Saúde Mental, Desinstitucionalização e Abordagens Psicossociais, o Programa de Pós-Graduação da Escola de Serviço Social da UFRJ inicia os seus Periódicos de Pesquisa. Trata-se de mais um passo no esforço de produção e divulgação científica em nosso programa, que se iniciou com o lançamento em 1997 da revista semestral “Praia Vermelha – Estudos de Política e Teoria Social”, com um perfil de sistematização teórica de maior envergadura, e que agora inaugura um tipo de publicação mais voltado para a produção específica dos diversos núcleos de pesquisa existentes em nossa Escola.

 Entretanto, é necessário aqui um primeiro alerta: engana-se quem pensar que estes periódicos tem relevância apenas para o campo do serviço social. Exatamente por se tratar da sistematização teórico-prática em campos específicos de atuação e a partir de uma perspectiva enfaticamente interdisciplinar, os “Periódicos de Pesquisa” constituem material de interesse para todos os profissionais engajados naquele campo de atuação e áreas afins. Como exemplo, temos certeza de que a presente série “TRANSVERSÕES” – Saúde Mental, Desinstitucionalização e Abordagens Psicossociais, que inauguramos agora, constituirá material de referência necessária para todos os profissionais e atores sociais que atuam no campo da saúde mental, bem como de outras áreas que também se utilizam de abordagens psicossociais.











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